Jaques Wagner: “Vamos ganhar a eleição na Bahia” – ITAPICURU FM 104,9

Jaques Wagner: “Vamos ganhar a eleição na Bahia”

O senador Jaques Wagner é enfático ao afirmar que o candidato do PT, Jerônimo Rodrigues, vai vencer a próxima eleição para o governo da Bahia. De acordo com ele, o grupo governista “conseguiu compensar a apresentação tardia de Jerônimo” e enfatiza que as pesquisas já mostram a reação do seu candidato. Ao rebater as críticas relacionadas à insegurança e aos elevados índices de criminalidade no estado, Wagner diz que “não vai ser botando um policial em cada esquina que vamos combater o crime”. E disparou críticas contra o candidato da oposição, ACM Neto. “Ele é uma pessoa que carrega o autoritarismo, a panelinha”. Confira:

Senador, estamos a pouco mais de 20 dias das eleições. Que avaliação o senhor faz do processo eleitoral na Bahia?

Eu faço uma avaliação extremamente positiva do nosso grupo. A campanha de Jerônimo superou a minha expectativa. Eu, nessa época do ano, em 2006, ou Rui, em 2014, não tínhamos a rua que ele está tendo. Não tínhamos ainda a animação que ele está tendo. As fotos estão aí para qualquer um ver. São movimentos muito superiores aos que os adversários estão fazendo. Tanto o candidato de Bolsonaro quanto o ex-prefeito. E eu acho que estamos caminhando muito bem. Isso eu estou falando porque as pessoas vêm falar para mim: “a campanha dele está melhor do que a do senhor”. E está realmente. Por exemplo, Gandu, Ipiaú, Coronel João Sá… É tudo festa de largo. E até as caminhadas que o vice-governador está fazendo em Salvador são bastante volumosas. Eu acho que a gente está muito bem, a minha expectativa se mantém, nós vamos ganhar a eleição na Bahia. Mas a eleição só se ganha no dia 02 de outubro. Eu acho que é muito complicado, por enquanto, falar em primeiro ou segundo turno, porque você tem três candidatos, com posições bem diferentes, bem distintas. Então, eu não sei. Apesar de eu achar que o potencial de Jerônimo, que era o meu potencial e o potencial de Rui, está na faixa de 54 ou 55%. O potencial. Não estou dizendo que ele vai chegar nisso no primeiro turno. Mas o movimento que está acontecendo é um movimento muito forte.

O desempenho de Jerônimo nas sabatinas e nos debates tem sido bastante questionado. Que avaliação o senhor faz da atuação dele? E mais: o senhor acredita que o senador Rui Costa errou ao não preparar Jerônimo para a própria sucessão, como o senhor, inclusive, havia pedido que ele fizesse?

Eu vou ficar com o último debate, o da TVE. Eu acho que ele já foi muito bem. Acho que é um processo normal de amadurecimento. Ele não tinha sido candidato antes. Então, é algo que você vai ganhando cancha, vai ganhando experiência. Evidentemente ele é um professor, que na minha opinião tem a Bahia na mão, no sentido de conhecer o estado, porque ele já rodou três vezes. Duas para Rui em 2014 e 2018 e agora para ele no PGP. Dessa vez, foram 25 ou 26 reuniões. Ele trabalhou no meu governo, no governo Dilma, tem mais de 12 anos de experiência em governo. Sobre a preparação dele, é óbvio que a gente poderia ter apontado o nome dele há mais tempo. Mas não adianta. As coisas só acontecem do jeito que são. Rui tinha na cabeça que eu queria ser candidato, que eu seria candidato, apesar de eu ter dito que eu não queria. Mas acho que a gente conseguiu superar, compensar essa apresentação tardia de Jerônimo. É o que mostram as nossas pesquisas internas, a própria pesquisa que saiu da Real Big Data, a diferença entre os dois diminuiu 13 pontos. Por isso que eu digo: nessa mesma data que foi feita essa pesquisa, Rui estava exatamente no mesmo número que apareceu para Jerônimo. Sendo que com uma diferença. Naquele tempo, a campanha era de 90 dias. Então, ele está com um desempenho superior ao meu desempenho de 2006 e ao desempenho de Rui em 2014. Por isso que eu digo que eu tenho muita convicção de que nós vamos chegar muito bem no dia 02 de outubro.

Durante a campanha, Jerônimo diz que o crime não terá espaço na Bahia. No entanto, o estado teve alta no número de mortes violentas em 2020 e 2021. Como rebater essas críticas que a oposição tem feito de que a Bahia está na contramão do País?

Na verdade, quem estava na contramão era o grupo político do ex-prefeito, que nos 16 anos antes de eu chegar, na minha opinião, não fez nada em segurança. É só você olhar as fotos de policial empurrando carro sem combustível. Quando eu cheguei em 2007, não tinha colete a prova de balas. Não tinha armamento adequado, era 38. Não tinha munição para treinamento. Ou seja, não tinha estrutura nenhuma. Nem na polícia militar, nem na polícia civil, nem na polícia técnica. Nós tivemos queda dos crimes violentos contra a vida, o que é o foco sempre do que a gente faz. E não adianta. Não vai ser botando um policial em cada esquina que nós vamos combater o crime. O crime nós vamos controlar com inteligência, como é feito em países que conseguiram avançar mais nisso. Então, com as câmeras, nós já prendemos cerca de 200 a 300 pessoas criminosas. Então, na minha opinião, a oposição faz o papel dela. Mas como eu disse outro dia em outra entrevista, eu acho curioso, porque o ex-prefeito está invocando o grupo político do avô dele. E o grupo político do avô dele é uma Bahia que não se modernizou. Quem modernizou a Bahia com tecnologia, energia eólica, energia solar, metrô, as vias que estão cortando Salvador e mudando completamente o tráfego, 17 mil quilômetros de estrada, 24 policlínicas, 18 ou 19 hospitais fomos nós… É curioso. Por isso que eu digo: macaco não olha para o rabo. Ele vive falando de segurança pública, o que ele quer voltar a fazer? O grampo, como o avô dele fez? ACM Neto é uma pessoa que carrega o autoritarismo, a panelinha, é só ver quem é que manda nos negócios em toda a prefeitura, gente. Dizem até que eventualmente tem sócio oculto. Eu não vou falar porque eu não conheço. Mas é tudo uma lista de amigos que opera lá. Quem é que não sabe o batismo… Obrigado, amigo sogro. Obras do amigo sogro. Veja quantas empresas cresceram com a gente… Empresas médias. Porque hoje oxigena a Bahia. Então, na minha opinião, ele [Jerônimo] tem duas âncoras muito fortes para levar a vitória. Primeiro, ele é muito preparado. Apesar de que está sendo conhecido agora, ele é muito preparado. Segundo, ele tem um exemplo de governo de Rui que é uma correria, diferente do meu, que é um estilo diferente. Por isso que eu digo: aqui não cansa, porque são pessoas diferentes. Lá cansou porque era mando único. Todo mundo sabe disso.

No debate da TVE, João Roma inclusive endureceu o discurso contra Jerônimo e questionou os resultados da educação da Bahia e falou das notas do Ideb abaixo da meta nas seis últimas avaliações. Como convencer o eleitorado de que uma quinta gestão do PT fará diferente?

Vai sair agora em setembro um novo Ideb e vai calar a boca de muita gente o salto que a gente vai dar. Foi o período de Jerônimo. Repare, gente: é óbvio que tudo que eles falarem uma parte é real. Tem carência. Estamos longe de resolver a vida dos baianos completamente. Desemprego, fome. Mas andamos muito. No caso da educação, Rui dedicou os quatro primeiros anos da gestão dele em saúde. Hospital da Mulher, policlínicas, Hospital do Cacau, hospitais espalhados pela Bahia inteira. Ele terminou os quatro anos de dedicação à saúde e entendeu que ele precisava levantar a educação. Ele convocou quem? Uma espécie de camisa 10 dele. professor universitário que já tinha dado demonstração na agricultura familiar a capacidade de diálogo, e agora a gente está começando a colher os frutos: 240 escolas. O Ideb vai sair em setembro e vai ter muita gente como diz a gíria baiana: apressado come cru. Eu não tenho o número exato aqui.

O governador se orgulha muito dos avanços obtidos na saúde ao longo dos últimos oito anos, sobretudo na interiorização dos serviços e na condução feita ao longo da pandemia. No entanto, a fila da regulação parece ser um calcanhar de Aquiles. Como rebater as críticas dos oposicionistas?

Não é calcanhar de Aquiles. Nós estamos fazendo de vez em quando mutirão de cirurgias para diminuir. É óbvio. A gente foi fazer um mutirão de preventivo de câncer em Salvador, deu uma fila de 10 mil pessoas. Quem é que era para estar fazendo preventivo de câncer? A prefeitura de Salvador, que não faz nada. Esse que é o problema. Eu vou te explicar o que acontece. O que é policlínica? É o centro de diagnóstico. Para você ver qual a doença que a pessoa tem. Se eu não tiver diagnóstico, o que acontece? A pessoa vai morrer sem saber o que tem. Aí eu vou lá e faço uma ressonância. O cara diz: o senhor está com um tumor. Vou te recomendar para a regulação. Faço um exame de mama. A senhor está com um nódulo. Vou te recomendar para a regulação. Você está com divertículo, com pólipo. Vai ter que extrair. Vai para a regulação. Nós fizemos 18 hospitais. Então, hoje o pessoal do interior e da capital sabe: não, eu posso procurar porque eu vou ter uma cirurgia para fazer. Agora, a demanda é maior ainda do que a oferta? É. Eu não conheço nenhum lugar que a regulação… Eu quero deixar bem claro. Quando você tem a coragem de fazer o que Rui fez: 24 policlínicas. Ali será um centro de demanda de regulação. Então, por isso que aumentou. Então, a fila da regulação, se ela hoje é um problema, ela é consequência da coragem que a gente teve de fazer primeiro 18 hospitais. Por isso que eu disse outro dia. Se o rapaz que está falando tanto nos 16 anos que mandaram na Bahia tivessem feito hospital, a gente talvez tivesse mais facilidade e não tivesse um estoque tão grande de gente. Então, eu não tenho dúvida de que estamos no caminho correto para resolver isso aí.

A disputa nacional está acirrada. Como o senhor vê o crescimento do presidente Bolsonaro e essa oscilação do ex-presidente Lula? De alguma forma preocupa?

Repare. Eu diria que o que a gente viu ontem [7 de setembro] foram os torcedores dele, cujo número é grande, alguém que tem 30 e tantos por cento. Eu nem sei qual o total de eleitores habilitados no Brasil hoje. Acho que 150 milhões. Quem tem 30 e poucos por cento, estamos falando aí de 50 e tantas milhões de pessoas que consideram o governo dele bom e têm simpatia pelo estilo dele. Uma parte desse pessoal, evidentemente é torcida organizada dele, foi para a rua. Eu acho normal. Eu não acho que isso mostrou uma pujança. Mostrou um engajamento. Até porque ele não consegue sair do lugar, na minha opinião, ele já está parado ali. E eu já disse ao pessoal, na época que nós votamos a favor do auxílio, do aumento… Ah, mas isso aí vai dar discurso… Eu disse assim: não vai dar. Porque o problema do atual presidente não é o CNPJ do governo. É no CPF. É na pessoa física dele. A rejeição a ele é pelas bobagens que ele fala. Pela constatação de que ele é uma pessoa despreparada, pouco sensível, zero solidária, que jogou a imagem do Brasil no chão. A gente era recebido quando eu era governador com tapete vermelho. Éramos invejados. Hoje, o Brasil lá fora é uma tremenda de uma interrogação. As pessoas não entendem o que está acontecendo. Aumento de desmatamento, aumento de desemprego, aumento de pobreza, a volta da fome. E ele realmente não tem estatura, tamanho para estar sentado na cadeira da democracia brasileira que tem 210 milhões de habitantes. Então, eu não vejo chance nenhuma de Bolsonaro chegar lá. Na minha opinião, ele consolidou um agrupamento que se identifica com ele, que foi uma surpresa para muita gente. Porque repare. Nós já fomos adversários do Fernando Henrique, Alckmin… Nós estamos trabalhando na dimensão da política, entendeu? Eu acho isso, você acha isso, você critica o meu plano de governo econômico, eu critico o seu. Mas foi o que o Alckmin disse no lançamento da chapa dos dois. A gente se junta com eventuais adversários para confrontar os antagônicos. Porque Bolsonaro é “antitudo”. É antivida, é antidemocracia. Alguém que acha que cabe a ele estimular a distribuição de armas, nós saímos de 100 para 600 mil armas na mão de pessoas privadas. Está claro agora que até o tráfico está brincando agora de comprar. Todo mundo se dizendo colecionador. Não vou acusar todos, tem muita gente que não é. Mas colecionador não fica comprando arma moderna. O que eu acho que pode acontecer na reta final? Isso, se for acontecer, vai acontecer na última semana, que é o processo de precipitação. Se chegar na semana da eleição e ele [o eleitor] percebe que seu preferido não vai conseguir pontuar, eu acho que tem uma chance muito grande dele dizer: eu não vou brincar em serviço, já sofremos quatro anos com um presidente totalmente despreparado, portanto eu prefiro ir para o meu segundo preferido. Então, eu acho que essa decisão do eleitorado, não é Ciro retirar ou Simone [Tebet] retirar [a candidatura], estou dizendo a decisão do eleitorado, pode precipitar a eleição no primeiro turno.

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