Mulher que denunciou líder religioso Jair Tércio por abuso sexual se diz vítima de silenciamento
A primeira mulher a denunciar o líder espiritual Jair Tércio se diz vítima de um silenciamento, após liminar concedida pelo Tribunal de Justiça da Bahia na última quarta-feira (12).
Tatiana Badaró precisou apagar uma postagem em suas redes sociais, na qual publicava um áudio, sem citar o nome, de um dos discípulos de Tércio, o psicólogo Clérisson Torres. Na gravação, Torres minimiza o teor da denúncia contra o líder espiritual e chama o feminismo de “moda”.
“Eu ainda nem recebi o documento intimando a apagar a postagem, mas soubemos da decisão e me antecipei. Essa é a uma tentativa de silenciamento das mulheres. Algo comum no Brasil. As mulheres que denunciam abusos sexuais são constantemente desacreditadas”, afirma Tatiana.
A decisão foi dada pela juíza Maria Mercês Mattos Miranda Neves, que determina ainda que a publicação deve ser apagada no prazo de 24 horas, a partir da intimação, sob multa de R$ 300 por dia.
Em agosto do ano passado, em uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, Tatiana Badaró denunciou Jair Tércio pelo crime de abuso sexual. No dia seguinte, Tatiana deu entrevista a Mário Kertész, na Rádio Metropole, e reiterou as denúncias.
Tércio é criador da Fundação Ocidemnte e ex-grão-mestre da grande loja maçônica do estado da Bahia. Ao todo, 17 mulheres denunciam o líder espiritual pelos crimes de lesão corporal grave (por ofensa à saúde mental), abuso sexual e estupro de vulnerável. Uma destas dezessete ainda denuncia por charlatanismo.
O Ministério Público da Bahia ofereceu denúncia contra o líder espiritual, que está foragido desde o ano passado. “Eu tenho usado minhas redes sociais para falar sobre abuso no mundo religioso. Não citei o nome de ninguém, mas usei o áudio para mostrar como a denúncia foi tratada entre os discípulos de Tércio”, pontua Tatiana.
O Metro1 procurou Clérisson Torres para comentar a decisão da liminar, mas ele não atendeu às chamadas. O advogado de Torres também foi procurado, mas não atendeu às ligações.(https://www.metro1.com.br/)